OS PRÉ-SOCRÁTICOS

OS PRÉ-SOCRÁTICOS

 

 

 Características gerais: Período Naturalista o physis
O pensamento naturalista ou physis estuda o mundo externo, abrange os séculos VI e V a. C. e atinge seu apogeu fora da Grécia, ou seja, surge e floresce nas prósperas colônias gregas da Ásia Menor, do Egeu (Jônia), da Itália Meridional e da Sícilia.

Este período do pensamento grego, é denominado na história da filosofia como período naturalista ou físico porque a nascente especulação desses primeiros filósofos é toda ela dirigida para o mundo exterior, onde se julga encontrar o princípio unitário de todas as coisas; ficando também conhecido como período pré-socrático, porque vem antes, ou melhor, precede a Sócrates e os Sofistas, personagens que mais tarde irão marcar uma mudança, um desenvolvimento e consequentemente, o começo de um novo período na história da Filosofia ( ou do pensamento grego – como preferirem).

- A primeira escola á surgir é a Jônica, berço da Filosofia Grega, cujos representantes preocupam-se em encontrar a substancia única, a causa primeira, o princípio do mundo natural vário, múltiplo e mutável.

Esta escola se desabrocha em Mileto, cujo principal representante e fundador foi Tales que desenvolve a teoria de que a água é a substância única e primordial de todas as coisas... Ele considerava que a terra era um disco que flutuava boiando sobre a água do oceano.

- Anaximandro é o segundo representante desta escola. Ele acaba por ilustrar melhor o pensamento de seu mestre, Tales, tornado-se, ele também, um de seus maiores representantes. Anaximandro, assim como Tales, era natural de Mileto e escreveu uma obra com o título, Da Natureza, cujo conhecimento só nos é possível pela leitura de fragmentos que restaram desta obra.

Para ele, Anaximandro, o elemento originário de todas as coisas seria o apeíron = (indeterminado), que é infinito e encontra-se em eterno movimento, ou movimento perpétuo. Ao contrário de Tales, Anaximandro afirmava que a terra possuía a forma de uma coluna cilíndrica.

- O último representante desta escola, foi Anaxímenes , também cidadão de Mileto. Assim como seu predecessor, escreveu uma obra com o título Da Natureza, onde expõe sua teoria a respeito do elemento primordial e necessário de todas as coisas.

Para ele, o principio de todas as coisas é o Ar, pois, sendo ilimitado e sempre em movimento, todas as coisas dele derivam pela rarefação e condensação deste mesmo ar. Assim como Tales, Anaxímenes imagina a terra como sendo um disco suspenso no ar.

- A segunda escola deste período, e não menos importante, é a Escola Pitagórica, fundada por Pitágoras de Samos. Em sua busca pelo elemento primordial ele defende que o elemento primordial das coisas são os números.

Segundo Pitágoras, a essência, o princípio essencial de que todas as coisas são compostas é o numero, ou seja, as relações matemáticas.

Para os Pitagóricos, que ainda não distinguiam bem, forma, lei e matéria, substancia das coisas, consideram o numero como sendo a união de um e outro elemento.

Desta racional concepção de que tudo é regulado segundo relações numéricas, passa-se à visão fantástica de que o numero seja a essência das coisas.

Esta escola, fundada por Pitágoras, era, na verdade, uma forma de Associação cientifico-ético-política. A real intenção de Pitágoras – o que acabou conseguindo – era fazer com que a educação ética de sua escola se ampliasse e se tornasse uma espécie de reforma política, o que acabou por provocar oposições contra ele levando-o a sérios constrangimentos que o obrigou á deixar Crotona.

Heráclito, outro filosofo pré-Socratico, afirmava que a realidade única é o vir-á-ser perpétuo e, o principio primordial de todas as coisas é o fogo.

Em sua obra filosófica intitulada “Da Natureza”, ele expôs seu sistema. Sua doutrina pode ser resumida nos seguintes princípios:

1. A essência, o “elemento primordial” é o vir-á-ser; todas as coisas se encontram em perpétuo fluxo, a realidade está sujeita a um vir-á-ser continuo, sendo que o único princípio estável da realidade é a lei universal do próprio devir, que ele concretiza no fogo (racional), visto ser o elemento da realidade material mais adequado a representar o vir-a-ser. Somente a razão tem por objeto o universal, e sendo assim, somente ela pode colher esta lei do devir universal.

2. O vir-a-ser é antítese , luta, revezar-se de vida e de morte: “A luta é a regra do mundo e a guerra é a geradora e a dominadora de todas as coisas”, afirmava Heráclito. “Ninguém pode banhar-se no mesmo rio duas vezes” ( ao entrar no Rio sou um, e o rio é um; quando saio do Rio, sou outro e o Rio também é outro”).

3. Este vir-a-ser e esta oposição são reconduzidas à estabilidade e à unidade pela harmonia, pela sabedoria universal, que determinam o acordo entre as oposições - A unidade do real está, portanto, na lei dialética, racional, do vir-a-ser e a causa da diferenciação das coisas está no devir.

Os eleatas

- A escola eleática, fundada por Xenófanes, refuta o politeísmo e o antropomorfismo e admite a unidade de Deus. Esta escola critica o politeísmo e o antropomorfismo de Hesíodo e de Homero – que nada mais representam que a concepção popular, vulgar da religião e do divino. Xenófanes sustenta em seu poema doutrinal “A Natureza” que há uma única substancia divina, eterna e imutável, que tudo abraça e governa com o pensamento.

O maior expoente desta escola é Parmênides, segundo o qual o princípio primordial das coisas é o ser uno, idêntico, imutável, eterno, limitado, concebido como uma esfera finita. Parmênides distingue a ciência – que nos dá a verdade, isto é, o ser uno e imutável, e é constituído pela razão – da opinião (dóxa), de onde provem o erro, ou seja, o ser múltiplo e mutável, e depende do sentido.

A terceira geração eleática pertence a Zenão. Com suas cavilações e paradoxos, Zenão abre caminho para os sofistas.

Zenão parte do pressuposto de que o espaço é dividido em partes infinitas, e daí deduz a impossibilidade de que um corpo possa percorrer o numero infinito de pontos , de que consta o espaço.

Empédocles

Segundo Empédocles as coisas constam de quatro elementos: terra, água, ar, fogo, e o amor e o ódio causam a combinação dos elementos.

Como Heráclito, julga real a mudança. A combinação dos elementos, no entanto, efetua-se por obra de duas forças fundamentais e primordiais: o Amor e o Ódio.

Anaxágoras
Este filósofo, também pertencente a escola eleática, concebe a realidade como constituída por uma infinidade de partículas mínimas, eternas e imutáveis (homeomerias = partes homogêneas) de qualidades diversa, para poder explicar a natureza diferente das coisas.

Quem constitui as coisas em sua variedade é uma imanente inteligência ordenadora –que ele chamava “Nous” – que distingue, recolhe e ordena as homeomerias similares, tirando-as do caos primordial em que estavam todas desordenadas.

Demócrito
O maior expoente da escola atomística, fundada por Leucipo. Demócrito divide o ser de Parmênides em uma infinidade de corpúsculos simples e homogêneos (os átomos), iguais pela qualidade, desiguais por grandeza, forma e posição. Estes átomos estão no espaço vazio, onde se movem por causa do diverso tamanho e, consequentemente, por causa da diversa gravidade dos átomos – ou seja – os átomos mais pesados caem, movem-se ad eterno no espaço infinito mais rapidamente do que os menos pesados. Estes, portanto, entrando em choque com aqueles são arrastados em movimentos rápidos. Daí, segundo Demócrito, originar-se-ia a variedade das coisas.